Publicado em 08.03.14 Escrito por Fabio Bearzi
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Não é que a paixão pela viola é tanta que acabei construindo minhas primeiras violinhas. Para minha surpresa, ficaram boas apesar do trabalho para construir e aprender todas as técnicas necessárias para se fazer um instrumento. Nada que uma boa dose de inspiração não dê jeito. Posso dizer que este é o passatempo ideal para quem gosta de viola.

 

 O primeiro recortezinho em "madeira", trata-se compensado, é aqueles mesmo que se usa para fazer tapume em obras. Comprei na Leroy Merlin para não estragar madeira boa na primeira tentativa de me arriscar a trabalhar com madeira.

 

Aqui eu estava rabiscando os primeiros esboços da viola, recortando alguns moldes e estudando as formas mais adequadas da caixa de ressonância.

 

As primeiras ferramentas e um disquinho de lixar (bitolar) as madeiras preso no mandril da furadeira. Dica do amigo Evgeni Ratchev, exímio luthier de violinos e violas (de orquestra). A idéia inicial será a fabricação de violas com madeiras tradicionais da região de Cambé no Paraná. Aqui tínhamos muita Araucária (Pinho), Caviúna (Jacarandá Rosa ou Paulista), Cedro entre outras.

 

Construção dos moldes... tudo feito manualmente com o uso de limas e serras e um pouco da experiência do uso destas ferramentas da escola técnica de mecânica de precisão feita na Alemanha em 1993.

 

Estudos do leque de reforço e melhor posição das madeiras.

 

Molde com os esticadores

 

Primeira lateral dobrada. Muito trabalho e tempo para conseguir as primeira dobras.

 

Escolha dos tipos de madeira (de demolição). Estas eu encontrei na demolição de umas tuias de café num sítio de Rolândia... tinha caviúna, coração de negro, amoreira, entre outras.

 

Fabricação do cavalete a partir de um caibro de Ipê Roxo que ganhei do Carlos Cunha, grande fornecedor de madeiras de demolição e amigo particular. O cavalete foi todo trabalhado manualmente nas limas mursa, meia-cana e grosa. A escala foi tirada do mesmo pedaço de madeira. Ainda sobraram mais três escalas e um cavalete do caibrinho.

 

As duas laterais já dobradas

 

Detalhe do tampo e fundos. Tudo feito da mesma madeira.

 

Alguns testes para ver se tudo se encaixa perfeitamente.

 

Colando os primeiros pedaços de reengrosso. Este reforço é necessário para se colar o tampo e o fundo e depois ter madeira para fresas os cantinhos e colocar os filetes de reforço e acabamento.

 

 

Estoque de madeira de lei, daquelas tuias que desmontamos no sítio.Acho que posso fazer diversas violas até o fim da minha vida.... o duro é conseguir extrair os cortes destes tocos. Tem de ser feito tudo na moto-serra e lixadeiras manuais. Ninguém aqui da região tem maquinário para se trabalhar estas madeiras. Mas eu sou persistente e tenho tempo para construir as violas, afinal não tenho nenhuma encomenda rsrsrsr.

Cortando o braço de um belo pedaço de Cedro para fazer a mão em ângulo. Dizem que o ideal é 14º, mas o meu deu no que deu, pois é muito difícil manter ângulo no corte manual. Ah. o cedro foi presente de meu aluno Rodrigo.

 

 

Estrutura do braço a ser colada e posteriormente trabalhada.

 

Colando a tróclea, que é onde o braço será afixado no corpo da viola.

 

últimos detalhes antes de colar o fundo.

 

Colando o fundo

 

Outro detalhe do fundo

 

Quase pronta

 

Colando o tampo agora

 

Detalhe da ferramentas fabricadas na oficina para colagem do tampo.

 

Detalhe da roseta entalhada e o acabamento do fundo da viola.

 

Os primeiros recorte feitos com a tupia para a instalação dos filetes. Escolhi filetes de plástico para esta viola. Achei que eles dariam um bom reforço para ela. Os filetes foram importados dos EUA e são da cor original das guitarras Gibson.

 

 

Detalhes do início dos trabalhos na mão da viola

 

Marcando os furos das tarrachas de afinação.

 

Já furado

 

Encaixe perfeito!

 

Mais trabalho...

 

Tem até de deixar o braço descançar para alívio das tensões e evitar que ele empene depois de montado com as cordas...

 

Rebaixo dos filetes

 

 

Colocando os filetes 

 

Detalhe do encaixe tipo rabo de andorinha que haverá entre o braço e o corpo da viola. Este encaixe impossibilita que a cola se rompa nesta região de grande tensão devido às 10 cordas de aço esticadas no instrumento.

 

Vista lateral do encaixe.

 

Início dos trabalhos na escala. Madeira Ipê Roxo da melhor qualidade!

 

A precisão da escala foi uma das minhas prioridades, uma vez que a viola é um instrumento quase impossível de se afinar. Diz meu amigo Almir Sater, que o violeiro passa um terço da vida afinando a viola, um terço tocando com ela desafinada e o outro terço contando esta história, que já é mais velha que o tempo do zagai. Aliás, segue uma boa (cultura): Tempo do zagai significa tempo do onça, ou melhor, antes do tempo do onça. Pois antigamente se matava a onça com a "azagaia", uma lança comprida feita de bambu, que ficava entre o caçador e a onça, quando o caçador ganhava a parada....

 

Cortando a escala com uma serra específica para este fim. Nestes canaizinhos serão instalados mais tarde os trastes, também importados da Stewmac, EUA.

 

Detalhe

 

Agora, o encaixe tipo rabo de andorinha no lado da caixa de ressonância.

 

Cortando o encaixe.

 

Por sorte consegui o ângulo recomendado pela literatura, 92º. A força das cordas traz o braço para frente deixando ele no esquadro depois.

 

Detalhe do encaixe braço / corpo, ainda faltando alguns pequenos ajustes. Pequenos, mas que levam grande tempo para se alcançar!!!

 

Alinhando o braço antes de colar.

 

Agora sim, com encaixe finalizado.

 

Colando a escala...

 

Agora colocando os trastes

 

Detalhe da escala anatômica, tipo Del Vecchio da década de 80

 

 

Envernizando (primeiras tentativas)

 

Colando o cavalete.

Cavalete colado

 

Viola pronta.

 

 

Alegria do Fazedô de Viola!!! Tempo gasto: 4 meses e 4 dias no ano de 2013.

Em breve publico fotos da segunda viola em fase de acabamento.

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