Um Violão e Quatro Gerações

Publicado em 23.03.14 Escrito por Fabio Bearzi

Um violão e Quatro Gerações

Como as coisas são incríveis! Certo dia passei na casa de minha avó e vi com muita surpresa a foto de minha bisavó tocando violão. Eu sempre escutava ela falando que tocava violão, e sempre que eu prestava atenção pegava ela estava cantarolando aquelas canções da época passada. Mas eu nunca tinha internalizado esta idéia dela com um violão na mão. Foi então, que eu me dei de frente com aquela foto impressionante dela com o violão no colo fazendo um dó maior numa pose da época.

Hoje conversando com minha avó Vera, ela me disse que esta foto foi tirada quando ela ainda era criança, ou seja, na década de 30. Minha avó Vera disse que nunca tinha visto a Bibi Thea (minha bisavó) tocando violão.

Achando a estória interessante, pedi uma foto da minha mãe tocando violão para colocar no site as quatro gerações tocando este instrumento tão original (imagina uma mulher tocando violão em 1930!!!)

Foi quando me dei conta que o violão que minha mãe tocava ainda meninota, com seus 18 anos, era o mesmo que estava no colo da minha bisavó em 1930.

Segundo fiquei sabendo hoje de minha avó, minha mãe se manteve por alguns meses na Alemanha tocando a recém inventada Bossa Nova nos botecos alemães na década de 60 com este violãozinho sortudo (nisto ele já rodou o Brasil e a Europa).

Na minha juventude toquei várias vezes neste violão quase centagenário e nunca imaginei que aprenderia esta linda profissão da luthieria para ter a honra de reformar tamanha raridade.

A madeira rachou com o passar dos anos, mas o timbre ainda era incontestável na década de 80 quando eu toquei o violão já remendado por esparadrapos nas suas laterais. Afinal, a faculdade de medicina que minha mãe cursou teria de servir para pelo menos salvar o violão de seus ferimentos das variações climáticas.

Vamos ver o que vai dar esta reforma. Deixa eu treinar mais uns meses, pois tenho encomenda de mais duas violas (4 no total), e a hora em que eu estiver fera nas habilidade madeirísticas, vou encarar esta difícil e prazerosa missão de reconstituir o velho violão Giannini de 1930.